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"Solenidade de fechamento do Obelisco emocionou o público presente"
"Monumento recebeu as duas cápsulas que contém documentos e objetos atuais e que serão desenterrados somente daqui a 50 anos."
A solenidade que marcou mais um fechamento do Obelisco – monumento construído há 100 anos e que a cada 50 é aberto para o resgate e o depósito dos objetos que marcaram ou marcam épocas – emocionou o público presente na Praça do Centenário, localizado atrás da Igreja Matriz, na manhã do último sábado, dia 24 de setembro.
Esta é a terceira vez que o monumento histórico se torna o guardião de documentos e objetos deixados por instituições, autoridades, personalidades, representantes da sociedade civil e por diversas famílias descalvadenses, que além de registrarem os fatos e os momentos atuais, também carregam as histórias e os depoimentos daqueles que ajudam a escrever e a construir a história da cidade. Todo o material depositado nas cápsulas do tempo será redescoberto daqui a 50 anos, quando o Obelisco for novamente aberto. A data agendada será o dia 7 de setembro de 2072.
A primeira vez que o Obelisco recebeu a missão de ser o guardião dos documentos e objetos nele depositados foi no dia 7 de setembro de 1922, quando se comemoravam os 100 anos da Independência do Brasil e Descalvado experimentava um dos seus mais importantes ciclos econômicos: o do café. Depois, no ano de 1972, o monumento recebeu duas novas cápsulas que continham um precioso acervo de 50 anos atrás, oportunidade em que a cidade vivenciava outro importante ciclo da sua história: a avicultura.
Passados mais 50 anos, uma nova janela do tempo se abriu para que a população pudesse recordar os acontecimentos do passado, e deixar para a posteridade um importante registro dos dias atuais. Vale lembrar que desde o último dia 7 de setembro, os objetos depositados no ano de 1972 estão expostos no Museu Público Municipal, em uma exposição denominada “Testemunhos da Cápsula do Tempo: o olhar descalvadense sobre Brasil de 1972”.
A exposição ficará aberta ao público até o próximo dia 14 de outubro.
NOVO FECHAMENTO E ABERTURA EM 2072
Como já foi dito acima, a cerimônia que marcou mais um fechamento do Obelisco levou um grande público até a Praça do Centenário, oportunidade em que duas novas cápsulas do tempo foram depositadas sob o monumento, guardando ali documentos, objetos e as preciosas cartas com o registro pessoal de uma considerável parcela da população descalvadense.
Importante frisar que em razão da infiltração detectada durante a fase de pré-abertura do Obelisco agora em 2022, a Prefeitura Municipal resolveu alterar o local da câmara que acondiciona as duas cápsulas do tempo, de modo a impedir que novas infiltrações possam comprometer todo o acerco depositado. O projeto inicial, de 1922, previa o depósito das cápsulas exatamente abaixo do Obelisco construído em pedra de arenito vermelho, o que demandava a necessidade de desmontá-lo toda vez que o ciclo de 50 anos fosse cumprido.
Com o novo projeto, a câmara agora está localizada ao lado do Obelisco, que além de ter sido restaurado, também recebeu uma nova base revestida de granito, de forma a proporcionar ainda mais imponência ao objeto. Além disso, com o novo espaço criado para acondicionar as cápsulas, será muito mais difícil ocorrer infiltrações, assim como não haverá mais a necessidade de se desmontar o monumento histórico a cada nova abertura, preservando assim a sua história e a sua integridade física.
PRESENÇA DE AUTORIDADES E DA POPULAÇÃO
Além de autoridades municipais e representes de importantes instituições públicas e privadas, a cerimônia também contou com a presença da Banda Municipal e do Coral da Escola de Música. Um grande número de munícipes também fez questão de participar da cerimônia, que contou com um livro de assinaturas e do registro por meio de fotografia digital, dos quais também foram guardados em uma das cápsulas.
Dois dos momentos mais marcantes foram a participação do casal José Aldo Fregonezi e da sua esposa Neiry do Nascimento Fregonezi, que assim como muitos dos presentes também participaram da solenidade realizada no ano de 1972, e a declamação do poema “O tempo” pelo artista descalvadense Flad Calza.
O poema é do escritor e também procurador do município de Descalvado, José Loureiro, e é uma síntese das reflexões que todo mundo tem ao redor dos 40 anos. Segundo o autor, “o tempo ensina mais que as escolas. É a lição do passado que faz pensar sobre o futuro”. O tempo abordado no poema não é o tempo cronológico: o tempo abordado é o tempo da memória afetiva.
Ainda segundo José Loureiro, “só o tempo é a verdadeira democracia que conduz a todos ao mesmo destino. O tempo que é referência para tudo que existe. Se Descartes fala que ‘penso logo existo’, o poema nos fala: Só penso porque o tempo existe!”.
A declamação do poema levou às lágrimas muitos que estavam presentes no encerramento do fechamento do Obelisco. Leia abaixo o poema:
O TEMPO
NA VELHICE ELE PASSA DE FORMA FUGAZ E DESCONTROLADA
NA INFÂNCIA ELE NÃO ANDA E É COISA MUITO ARRASTADA
O TEMPO É ALEGRIA SE NELE HOUVER ESPERANÇA
O TEMPO É AGONIA SE NELE NINGUÉM ALCANÇA
O TEMPO É, AINDA, FORTE E DOÍDO SENTIMENTO
QUANDO É REGISTRO DAQUELE ARREPENDIMENTO
O TEMPO É AMARGURA E TAMBÉM SENTIMENTO DE DOR
QUANDO REGISTRA A PASSAGEM DO VERDADEIRO AMOR
O TEMPO CAMINHA SEM RUMO PELA SORTE
MAS SEMPRE CAMINHA NO RUMO DA MORTE
É O TEMPO QUE MATA E DESTRÓI A NOSSA ARROGÂNCIA
SÓ O TEMPO É QUE MOSTRA NOSSO ERRO COM ELEGÂNCIA
É O TEMPO QUE CARREGA A SEMENTE DA VERDADE
É O TEMPO QUE FULMINA NOSSA PURA INGENUIDADE
COM O TEMPO É QUE A VIDA NASCEU E SURGIU;
COM O TEMPO MORREU O QUE NUNCA EXISTIU
O TEMPO DISTRIBUI A JUSTIÇA EM SEU ENTORNO
APENAS O TEMPO É QUE APLICA A LEI DO RETORNO
É O TEMPO QUE NOS FAZ SER ALEGRE OU SER TRISTE
É O TEMPO A REFERÊNCIA PARA TUDO QUE EXISTE
Publicado em:2022-09-30-14:52:16
Fonte: Assessoria de Comunicação