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Portal Descalvado | publicado 02/10/2017 09h56 | última modificação 30/09/2022 14:52:16

"Solenidade de fechamento do Obelisco emocionou o público presente"

"Monumento recebeu as duas cápsulas que contém documentos e objetos atuais e que serão desenterrados somente daqui a 50 anos."

Solenidade de fechamento do Obelisco emocionou o público presente


A solenidade que marcou mais um fechamento do Obelisco – monumento construído há 100 anos e que a cada 50 é aberto para o resgate e o depósito dos objetos que marcaram ou marcam épocas – emocionou o público presente na Praça do Centenário, localizado atrás da Igreja Matriz, na manhã do último sábado, dia 24 de setembro.

Esta é a terceira vez que o monumento histórico se torna o guardião de documentos e objetos deixados por instituições, autoridades, personalidades, representantes da sociedade civil e por diversas famílias descalvadenses, que além de registrarem os fatos e os momentos atuais, também carregam as histórias e os depoimentos daqueles que ajudam a escrever e a construir a história da cidade. Todo o material depositado nas cápsulas do tempo será redescoberto daqui a 50 anos, quando o Obelisco for novamente aberto. A data agendada será o dia 7 de setembro de 2072.

A primeira vez que o Obelisco recebeu a missão de ser o guardião dos documentos e objetos nele depositados foi no dia 7 de setembro de 1922, quando se comemoravam os 100 anos da Independência do Brasil e Descalvado experimentava um dos seus mais importantes ciclos econômicos: o do café. Depois, no ano de 1972, o monumento recebeu duas novas cápsulas que continham um precioso acervo de 50 anos atrás, oportunidade em que a cidade vivenciava outro importante ciclo da sua história: a avicultura.

Passados mais 50 anos, uma nova janela do tempo se abriu para que a população pudesse recordar os acontecimentos do passado, e deixar para a posteridade um importante registro dos dias atuais. Vale lembrar que desde o último dia 7 de setembro, os objetos depositados no ano de 1972 estão expostos no Museu Público Municipal, em uma exposição denominada “Testemunhos da Cápsula do Tempo: o olhar descalvadense sobre Brasil de 1972”.

A exposição ficará aberta ao público até o próximo dia 14 de outubro.

NOVO FECHAMENTO E ABERTURA EM 2072

Como já foi dito acima, a cerimônia que marcou mais um fechamento do Obelisco levou um grande público até a Praça do Centenário, oportunidade em que duas novas cápsulas do tempo foram depositadas sob o monumento, guardando ali documentos, objetos e as preciosas cartas com o registro pessoal de uma considerável parcela da população descalvadense.

Importante frisar que em razão da infiltração detectada durante a fase de pré-abertura do Obelisco agora em 2022, a Prefeitura Municipal resolveu alterar o local da câmara que acondiciona as duas cápsulas do tempo, de modo a impedir que novas infiltrações possam comprometer todo o acerco depositado. O projeto inicial, de 1922, previa o depósito das cápsulas exatamente abaixo do Obelisco construído em pedra de arenito vermelho, o que demandava a necessidade de desmontá-lo toda vez que o ciclo de 50 anos fosse cumprido.

Com o novo projeto, a câmara agora está localizada ao lado do Obelisco, que além de ter sido restaurado, também recebeu uma nova base revestida de granito, de forma a proporcionar ainda mais imponência ao objeto. Além disso, com o novo espaço criado para acondicionar as cápsulas, será muito mais difícil ocorrer infiltrações, assim como não haverá mais a necessidade de se desmontar o monumento histórico a cada nova abertura, preservando assim a sua história e a sua integridade física.

PRESENÇA DE AUTORIDADES E DA POPULAÇÃO

Além de autoridades municipais e representes de importantes instituições públicas e privadas, a cerimônia também contou com a presença da Banda Municipal e do Coral da Escola de Música. Um grande número de munícipes também fez questão de participar da cerimônia, que contou com um livro de assinaturas e do registro por meio de fotografia digital, dos quais também foram guardados em uma das cápsulas.

Dois dos momentos mais marcantes foram a participação do casal José Aldo Fregonezi e da sua esposa Neiry do Nascimento Fregonezi, que assim como muitos dos presentes também participaram da solenidade realizada no ano de 1972, e a declamação do poema “O tempo” pelo artista descalvadense Flad Calza.

O poema é do escritor e também procurador do município de Descalvado, José Loureiro, e é uma síntese das reflexões que todo mundo tem ao redor dos 40 anos. Segundo o autor, “o tempo ensina mais que as escolas. É a lição do passado que faz pensar sobre o futuro”. O tempo abordado no poema não é o tempo cronológico: o tempo abordado é o tempo da memória afetiva.

Ainda segundo José Loureiro, “só o tempo é a verdadeira democracia que conduz a todos ao mesmo destino. O tempo que é referência para tudo que existe. Se Descartes fala que ‘penso logo existo’, o poema nos fala: Só penso porque o tempo existe!”.

A declamação do poema levou às lágrimas muitos que estavam presentes no encerramento do fechamento do Obelisco. Leia abaixo o poema:

O TEMPO

NA VELHICE ELE PASSA DE FORMA FUGAZ E DESCONTROLADA

NA INFÂNCIA ELE NÃO ANDA E É COISA MUITO ARRASTADA

O TEMPO É ALEGRIA SE NELE HOUVER ESPERANÇA

O TEMPO É AGONIA SE NELE NINGUÉM ALCANÇA

O TEMPO É, AINDA, FORTE E DOÍDO SENTIMENTO

QUANDO É REGISTRO DAQUELE ARREPENDIMENTO

O TEMPO É AMARGURA E TAMBÉM SENTIMENTO DE DOR

QUANDO REGISTRA A PASSAGEM DO VERDADEIRO AMOR

O TEMPO CAMINHA SEM RUMO PELA SORTE

MAS SEMPRE CAMINHA NO RUMO DA MORTE

É O TEMPO QUE MATA E DESTRÓI A NOSSA ARROGÂNCIA

SÓ O TEMPO É QUE MOSTRA NOSSO ERRO COM ELEGÂNCIA

É O TEMPO QUE CARREGA A SEMENTE DA VERDADE

É O TEMPO QUE FULMINA NOSSA PURA INGENUIDADE

COM O TEMPO É QUE A VIDA NASCEU E SURGIU;

COM O TEMPO MORREU O QUE NUNCA EXISTIU

O TEMPO DISTRIBUI A JUSTIÇA EM SEU ENTORNO

APENAS O TEMPO É QUE APLICA A LEI DO RETORNO

É O TEMPO QUE NOS FAZ SER ALEGRE OU SER TRISTE

É O TEMPO A REFERÊNCIA PARA TUDO QUE EXISTE

Publicado em:2022-09-30-14:52:16
Fonte: Assessoria de Comunicação